quinta-feira, novembro 24, 2005

A vida numa bicicleta


Acabei de regressar de umas mini-férias em Utrecht na Holanda e vim com outra visão acerca da mobilidade urbana e da relação entre as pessoas e as bicicletas. De facto aquilo que nós julgaríamos ser uma utopia afinal existe! Mas é preciso ver para querer... porque contar o que vi é uma tarefa ingrata! Imaginem o que é uma criatura que logo após a sua concepção começa a andar de bicicleta na barriguinha da sua progenitora, faz uma pausa no último mês, porque concerteza será difícil à mãe pedalar com tamanha gravidez, sem que a criança dê umas valentes cambalhotas no seu ventre. O rebento pouco meses após a nascença, bem sentado numa cadeirinha à sua medida, na parte da frente ou de trás da bicicleta do pai ou da mãe, regressa de novo à rotina ciclável pela ruas da cidade, sendo que as estes levam atrás - preso - o carrinho para transportar a criança para dentro dos edifícios. Em idade de ir à escola, obviamente vai na sua própria bicla em tamanho a condizer, na escola como de resto em todo o lado, há uma parquezinho próprio para estacionar a bicla. Assim como nós aqui aprendemos em tenra idade a circular a pé, eles fazem-no pedalando. É evidente que toda a sinalização que aqui existe para os peões, lá existe para os velocípedes. Com a diferença de que ao contrário de cá, estes têm em toda a cidade, prioridade perante os veículos motorizados, em particular os automóveis. Enfim... a vida é feita a pedalar. Seja a transportar mercadorias, pessoas ou até instrumentos musicais. Como em todo o lado, e porque a bicicleta custa dinheiro a ganhar, os cadeados, bem robustos, são um acessório essencial, apesar de que por vezes não estão presos a lado nenhum... mas como a abundância é tanta... não deve haver pachorra para surripiar e transportar bicicletas às costas!! O trânsito para os neófitos em hora de ponta chega a ser caótico, mas sempre ordenado, passo a contradição, isto porque são milhares de bicicletas a circular pelas ruas da cidade. Todas elas são circuláveis pela viaturas de duas rodas, com faixas de rodagem próprias, sendo que em todo o espaço urbano também existem as vulgares ciclovias como as conhecemos aqui. Para quem gosta da paisagem e do campo, intactos e preservados recomendam-se as vias verdes que unem as principais localidades do país, formando uma rede interminável. "Last but not the least" os transportes públicos e em particular os comboios têm carruagens próprias para as biclas, as estações têm silos próprios para o seu estacionamento, e nas ruas, em todo o lado existem igualmente grelhas para as parquear, quando não estão todas amontoadas numa massa compacta. E para que não pensem que isto de dar as perninhas é coisa de gente nova, os mais idosos não dispensam as duas rodas por nada. Para mim que cheguei hoje a Lisboa, sinto como se tivesse havido um holocausto em que as bicicletas foram substituídas por carros! Socorro! Esta história vocês já conhecem... bem, talvez mais os que vivem na capital sintam mais esta angústia... Boas pedalas a todos, e quando quiserem fazer umas férias civilizadas de bicicleta não hesitem, vão até à Holanda e serão bem recebidos! Não precisam de levar a viatura, lá alugam-se por 5 euros/dia.

4 Comments:

  • isto é o que eu chamo um cenário edílico para os amantes das 2 rodas nao motorizadas (como eu). nao fosse o clima local e ja me tinha convencido a fazer as malas com o teu post...pode ser que um dia consigamos ter algum local com uma estrategia a longo prazo que permita construir algo semelhante (galinhas com dentes?).

    By Anonymous Anónimo, at 1:27 da tarde  

  • ...engraçado, este rapazinho já só vê criancinhas, grávidas...quem te viu e quem te vê.Ainda me lembro da última vez que foste a Holanda só falavas da rua vermelha...

    By Anonymous Anónimo, at 1:00 da tarde  

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    By Anonymous Anónimo, at 4:15 da tarde  

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